Tuesday, September 12, 2006

SANTUÁRIO DE N.ª S.ª DA BOA NOVA


A História e a Tradição

A Ermida-Fortaleza de N.ª S.ª da Boa Nova situa-se nos arrabaldes da vila de Terena, no Concelho de Alandroal.
Construída pouco depois de 1340, diz a tradição ter sido erguida no local onde a rainha de Castela D. Maria, mulher de Afonso XI e filha de D. Afonso IV, O BRAVO, teve a feliz notícia do auxílio militar que viera pedir a seu pai.
O rei castelhano estava a braços com uma invasão dos muçulmanos merínidas que tentavam recuperar os territórios peninsulares.
Em 1340 o sultão de Marrocos Abu Halaçane atravessa o Estreito de Gibraltar e em 16 de Abril desse ano as forças navais cristãs – castelhanas – são derrotadas.
Perante a gravidade da situação Afonso XI pede auxílio a D. Afonso IV.
Envia à Corte Portuguesa a mais ilustre mensageira de Castela, D. Maria, sua mulher e filha do rei português.
As relações entre sogro e genro não eram boas. Tinha havido guerra entre Portugal e Castela de 1336 a 1339.
D. Afonso IV mostra-se renitente e diz que não.
Parte D. Maria, lavada em lágrimas, a caminho de Castela.
Repensa o rei de Portugal a decisão e manda emissários dar a «boa nova» do auxílio militar decidido.
Em Sevilha celebra-se a paz entre portugueses e castelhanos, a 10 de Julho de 1340.
Dá-se posteriormente a batalha do Salado onde as tropas muçulmanas são derrotadas.
O declínio mouro na Península torna-se irreversível.


O Santuário

Desenhado por Duarte de Armas no seu Atlas, foi levantado logo nos anos a seguir à batalha do Salado – Outubro de 1340.
De arquitectura gótica do tipo fortificado, o seu desenho é em cruz grega de braços rectangulares e coroado de ameias muçulmanas.
As fachadas principal e do lado norte têm pedras de armas reais portuguesas.
No interior, o corpo da nave e cruzeiro são decorados por painéis parietais de santos devotos e a ábside, de amplo arco triunfal gótico, ornamentada com pinturas dos oito monarcas portugueses anteriores à fundação do Santuário – de D. Afonso Henriques a D. Afonso IV.
No tecto representam-se temas bíblicos do Apocalipse de S. João, obra feita em 1706 por encargo do conde de Vila Nova.
«O retabulo dourado do altar-mor, de talha classicizante, conserva o políptico de pintura a óleo sobre tábua, de oficina eborense e atribuído a Francisco de Campos (c.ª de 1500), na figuração de assuntos marianos e da vida de Cristo.
Em oratório central, posterior, adora-se a padroeira, escultura de roca e intenso culto regional» (Túlio Espanca, Terras do Distrito de Évora).
Este belo monumento, sede de afamada romaria pascal, a Festa dos Prazeres, tem no seu interior, embutida na parede junto ao altar-mor, uma lápide votiva proveniente do destruído templo do Deus Endovélico, Deus de vários povos que habitaram esta região, nos domínios do ribeiro do Lucefecit.
Ainda hoje nas suas águas, por alturas da primavera, continuam a envolver-se cultos pagão e cristão, em acção de graças pela vida que ciclicamente brota destes campos.

AC

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