Tuesday, September 05, 2006


O CASTELO VELHO DO LUCEFECIT

O Castelo Velho do Lucefecit é um dos locais de habitat humano organizado mais antigos do Alentejo. Fazendo parte de um conjunto de jóias milenares do concelho de Alandroal, é o único sítio arqueológico deste concelho classificado como monumento nacional, por dec. lei de 16/06/1910, o que nos faz recuar ainda ao tempo da monarquia. Em 1997 foi classificado um outro sítio arqueológico como de "interesse público", o povoado de Endovélico no Districto de Évora, assim se refere o classificador ao cabeço de S. Miguel da Mota, local de onde outrora dominou as vastas cercanias o santuário romano de Endovélico.
No Castelo Velho sucederam-se as ocupações desde o período Calcolítico, depois pelas Idades do Bronze e do Ferro, entre os III e I milénios a.c., assim como longos períodos de abandono, sendo o mais notório entre o final da Idade do Ferro e a ocupação Islâmica, Séc. X da nossa era, período que perfaz mil anos. Após a saída árabe não mais voltou a ter ocupação.
O sítio tem grande defensibilidade natural. O seu envolvimento estratégico por acidentes naturais é completado pelo ribeiro do Lucefecit e por um seu pequeno afluente. O forte natural é encimado por restos de panos de muralhas de xisto, que revelam as várias intervenções a que foram sujeitas ao longo dos séculos, desde os tempos proto-históricos até à época islâmica
(na fotografia vê-se, um pouco acima da meia encosta, um lanço de muralha).
Nas imediações do povoado têm-se encontrado restos de cerâmica e escórias de fundição, vestígios de antigas indústrias de manuseamento do barro e de metais.
Uma formação rochosa antropomórfica, isolada do forte, é chamada "Pedra do Charro". Segundo a tradição popular, é a sepultura de um bandido lendário, ali enterrado com todas as suas riquezas.
Do lado norte, em escarpa rochosa sobre o ribeiro do Lucefecit, encontra-se uma galeria na rocha chamada "Casa da Moura", nome certamente relacionado com a lenda de uma moura encantada, tradição outrora frequente na região.
Uma das referências mais antigas ao Castelo Velho aparece nas "Memórias Parochiaes de 1758" (inventário do património ordenado pelo Marquês de Pombal após o terramoto de 1755), do P. Bento Ferrão Castelbranco: «No sítio onde chamam castelo velho, q. está sobre a ribeira do Luçafece, houve um castello de q. hoje nada ha mais q. ruinas e não tem mais de estabelidade q. os alicerces».
AC

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