Sunday, July 15, 2012


A Secretíssima Trindade – fuga para a frente



Uma explicação para o leitor que tem acompanhado esta trapalhada do SIED (Serviço Informação E Desinformação): quando um cidadão mete a mão para recolher informação para qualquer outro cidadão desta Nação poder ajuizar com correção, logo surge o habitual coro de lamentação: ai… ai… ai…, vai  lá vai que estão a bater no pai e na mãe e não se pode dizer mais nada porque os meninos ficam ofendidos. E quando os meninos ficam ofendidos já sabemos que haverá  fuga para a frente.
Pois… choveram mais SMS e Clippings, telefonemas anónimos e emails, nos meus telemóveis e portátil, do que a chuva que caiu durante o Inverno passado.
Assunto recorrente: ofensas pessoais e a familiares, estes nada tendo a ver…, desconhecendo mesmo os conteúdos das minhas crónicas de investigação.
Claro que acabei por levar uns socos à saída do emprego…, enfim… ossos do ofício, felizmente sem nenhum osso partido.
Com mais uma investigação  em pleno desenvolvimento, a questão curricular do Dr. Gabriel Elvas, aqui fica também um registo do que se pode, ou não pode, apurar.



Capítulo V: a escutar Portugal inteiro



Na estória da espiolhagem portuguesa, desde os tempos do zaragateiro  Afonso, certamente o primeiro caso de violência doméstica praticado entre nós, com dimensão histórica – desancou a mãe na batalha de S. Mamede –…, passando pelos exmos frades dominicanos, mestres nos tratos de p. e p.…, e pelo exmo marquês…, esquartejador da nobre nobreza portuguesa…,  e pelo intendente Pina, avesso aos ventos ciclónicos da revolução francesa…, e termino as nomeações soletrando apenas o nome do major Silva, campeão do terror à moderna portuguesa…, nenhuma destas pragmáticas instituições poderia ombrear com a vanguardista SIED (Secretíssima Informação E Desinformação). Não nos referimos à prática de tortura, nesse aspeto podemos dizer que os agentes têm os pés limpos, mas sim ao acompanhamento de todo e qualquer cidadão que, pelos seus compromissos, atos ou negócios, possa vir a pôr em risco a harmonia da Irmandade Secretíssima.  
E não há memória de tamanha inteligência a dirigir a Secretíssima como o sob-espião George Cara de Pau. Conhecedor dos meios de investigação mais modernaços, consolidou uma base de dados pormenorizada sobre as questões tão simples  quanto relevantes sobre o “cadastro” multifacetado dos personagens.
Pode ler-se, a páginas tantas…, no ficheiro de um qualquer arqui-inimigo: …tem seis dedos em cada pé… ou só corta o cabelo se o Benfica for campeão… ou ainda…, come de boca aberta… …e tem caspa que se farta; qualquer um é apontado certeiramente quando é necessária uma identificação eficiente; em outra ficha chega ao pormenor de anotar que o ministro “fulano de tal” tem dez cabeleiras postiças, assim como o número de cabelos que possui cada uma.
Um pasmo de competência e ação habita na casa dos segredos secretíssimos…, foi esta a desinformação que o PM Dr. Passos Perdido transmitiu ao país e em particular aos portugueses…, …que podem dormir de portas abertas e com o computador ligado (hoje a maior parte dos portugueses tem portátil para preencher o IRS).
Este pequeno equívoco do Senhor PM, desconhecendo a mudança de habitat do tal “pasmo de competência”, levará mais tarde a uma embrulhada governamental tão inimaginável quanto foi, depois, o seu pedido de proteção política ao troglodita da ilha da Bananeira.
Com os mais enlevados sonhos patrióticos, divagando ao sabor da rotineira soneca pós prandial na mansão da Ongoering, George simplesmente, como adora chamar-se a si próprio, foi sacudido do seu estado quase hipnótico pelo Hino Nacional, completo de música e letra, toque que introduziu no seu telemóvel particularíssimo.

-Está lá…, está…, é o George pá?

«Como está o meu amigo… Senhor Ministro Dr. Elvas?»

-É pá!... você soube logo que era eu pá!... – George adivinha o estado emocional do Senhor Ministro pela alta frequência com que usa o “pá” no discurso directo… e indirecto também. 

«Claríssimo meu amigo… então para que me serve uma listinha de vozes que me dei ao trabalhinho de guardar em ficheiro sonoro da Secretíssima?».

-ÓÓÓÓ… mas isso é antidemocrático…, quero dizer anticonstitucional!!!  Se a oposição sabe de uma coisa dessas… é uma bomba mais barulhenta que a atómica (úúúúúú).

«Anti quê?... …Senhor Ministro… cabeça fria… cabeça fria…  temos a mão na massa… não vamos dar o ouro ao bandido…, quero dizer…, à oposição…; …mas a que devo a honra desta hiperligação, para além da grande satisfação que me dá sempre ouvi-lo?».

-Ó Senhor Dr. George…, digamos pá que tenho aqui um probleminha entre mãos com uma espécie de jornalista do Púlpito… uma tal Maria José Palmeira pá… que me anda a moer a cachimónia… e o meu amigo sabe que quando nos moem a cachimónia pá não conseguimos pensar… o que este país mais precisa de nós… do governo pá… - George ouvia atentamente o Sr. Ministro Elvas a roer as unhas ao mesmo tempo que debitava doses maciças de ansiedade em cada palavra articulada – ora pois, pensei eu, o George Cara de Pau deve ter dados interessantes pá da folha curricular desta menina pá!

«O Senhor Ministro pensou… e pensou muito bem…, pois sobre qualquer jornalista…, por mais badameco que seja…, os nossos ficheiros são secretíssimos…, isto é, completíssimos… claro está!».

-Mas… deixe-me perguntar-lhe George, por uma questão de curiosidade pura…, essas completíssimas fichas são de quem…, dos Serviços ou da Ongoering?

«Minhas… meu…, minhas após anos a fio de serviço de toupeira!», disse George Cara de Pau denotando alguma irritação, que o  fez não medir, com o rigor exigido pelo seu estatuto, o modo como se dirigiu a sua excelência o Senhor Ministro de Estado nº 1 Dr. Elvas.

-Então sendo suas vamos a isto… pá…

«Vamos a isto… pá…  uma ova! Vamos primeiro analisar uns pendentes…, senhor ministro pá!», atalhou bruscamente George Cara de Pau, o que deixou sua excelência em crescente grau de perplexidade.

-Ó George… o meu amigo acredita pá que agora não estou a perceber nada dessa sua conversa… pá!?

« O senhor ministro abusa do queijo e um dia destes apanha uma camada de brucelose…é o mais certo» - o agente toupeira sorria discretamente para si ao imaginar o frenesim gestual que acometia o Dr. Elvas.

-Bruce… quê?..., perguntou o ministro, pensando que o agente toupeira já estava a passar das marcas.

Mas não estava: George Cara de Pau avivou a memória do Dr. Elvas sobre um telefonema que este fizera para a sua esposa, anunciando-lhe que estava ministro…, …onde veio à baila um despropositado gozo com ele próprio, George Cara de Pau, sobre o seu grau académico, nomeadamente no domínio das línguas técnicas francês e inglês… …o que considerou uma ofensa pessoal e idiota, de quem mais valia meter a língua no saco. A cólera assomara agora ao rosto do sob-espião numa dose qb.
Um pesado silêncio percorreu de um lado para o outro a rede, sendo comutado por um gaguejante Dr. Elvas: -ó…ó…ó… di… di… diabo…, a Duchinha sempre tinha razão… você anda a escutar Portugal inteiro… pá!

«Eu…, senhor ministro?…, … então leia amanhã o Expressamente…, que vai ter saudades do dia em que a minha fotografia, ao lado da sua, lhe provocou agasturas abdominais… … e talvez perceba quem anda a escutar quem ». George cortou propositadamente a chamada, sabendo que, do outro lado da rede, uma palidez de morte tomava conta do rosto de sua excelência o senhor ministro de Estado nº 1.



 Capítulo VI: o sabichão (ficheiro informático recolhido por GCP)


O comentador anónimo do capítulo anterior sugeriu-me que a “questão da licenciatura” fosse abordada. Bronca em pleno desenvolvimento, está visto que o Dr. Elvas não acerta uma…, isto é…, quanto mais quer acertar mais desacerta.
Tendo-me cheirado a esturro, pois é mais que certa a existência de toupeiras no AL Tejo, como na generalidade dos media, não resisti a investigar o assunto que ensombra a secular Instituição Universidade.
É escusado dizer que a  Universidade está inocente!
Os patifes, com grandes esquemas de compadrio e corrupção, proliferam no mundo da política e das negociatas como abelhas à volta do mel. Não tendo tempo para dedicar à leitura dos livros da sabedoria, esgatanham-se para arrancar um título de doutor a qualquer preço. É uma afronta àqueles que dedicam a vida inteira ao estudo.
Lembram-se da máxima do Vasco Santana: “doutores há muitos”…


Desde que nascera, o Dr. Elvas fora colecionando créditos, pensando os papás que num futuro, embora distante, uma, ou mesmo duas licenciaturas nunca seriam demais.
Nesses tempos de analfabetismo nacional, saber ler e escrever era uma ousadia quase tão grande como ter dito, uns tempos antes, que a Terra girava à volta do Sol. E ser doutor era um título mitificado… (mistificado), a tal ponto, que elevava o seu titular quase às portas do Olimpo: se um doutor dissesse sim…, era sim senhor doutor…, se um doutor dissesse não…, era não senhor doutor…, … quem é que se atrevia a contradizer um doutor?!
Com base nestas premissas, foi logo religiosamente guardado, no cofre da casa paterna, o chupetão onde o bom do Elvinhas desenvolvera uma bem treinada musculatura de sucção, até ao início da idade escolar. “Ainda pode vir a fazer-lhe falta” – disse o pai!... (grande é a sabedoria dos mais velhos).
No entanto, os desígnios do destino nem sempre cumprem as aspirações familiares, como muito bem o comprova o case study deste promissor estadista… … o Dr. Gabriel Elvas.
Passar as páginas dos livros…, uma a uma…, depois de bem lidas e interpretadas, era uma sensaboria pior do que ir ver um jogo do Sporting Clube De Portugal, assim pensava o jovem Elvas.
Não foi por falta dos conselhos do pai Elvas, que a toda a hora lhe preenchiam os ouvidos: “meu filho…, agarra-te ao verbo…, olha que um canudo vale mais do que a herança da tia Mariana e do pai… … juntas…, depois hás-de torcer a orelha e não deita pinga”…, assim se expressava quotidianamente a preocupação paterna.
Mas qual quê…, o Elvinhas tinha herdado na têmpera uma aversão ao estudo tão grande como o seu gosto por festas, farras e noitadas a jogar ao sete e meio.
Um dia, já moço espigadote, o bichinho da política perfurou-lhe a epiderme e tomou-lhe conta dos interiores. De nada valeram as palavras sensatas…, umas, outras ameaçadoras, do progenitor para o demover de tal desgraça: “os políticos são todos uns pantomineiros…, anda um homem a criar um filho para isto…, desgraçado… …ainda te deserdo… eu e a tia Mariana”…
A Gabriel Elvas esta cantilena entrava por um ouvido e saía pelo outro!
Aconteceu…, num comício da JSD (Juventude Sem Desemprego), após um discurso inflamado do líder, o Dr. Passos Perdido, o nosso amigo ora se levantou…, ora se sentou…, bateu palmas e berrou “Apoiado” tantas vezes quantas as que foram necessárias para o orador lhe dar a devida atenção…, a ele…, posicionado logo ali, na primeira fila.
Por fim, o Dr. Passos Perdido foi ao seu encontro de braços abertos, cumprimentando: «como está o doutor…, muito obrigado pelo apoio doutor…, contamos consigo doutor…, a tiá Guidá…, onde está a tiá Guidá?…, …tiá dê uma ficha de inscrição ao doutor…, partido e irmandade incluída».
Elvas ainda balbuciou, com aquela ingenuidade digna dos principiantes: -doutor…, olhe que eu não sou doutor pá…, ainda nem acabei o 9º ano…
«Qual quê!!!»…, disse o chefão da JOTA (Jovens Operários e Trabalhadores Associados)…, «aqui somos todos doutores… … doutores em “Ciência Política e Estudos Estrangeirados”…, é o C.V. de todos os jotas … concordas meu?».
A quase ultrapassada timidez do Elvas logo o fez questionar: -e o canudo pá?
Foi a voz esganiçada da tiá Guidá que prontamente esclareceu:
«Meu caro doutor Elvas…, o cartucho…, perdão…, o canudo… … estamos a tratar do assunto na Lusófila!».


Epílogo

E que bem trataram do assunto! Veio aos órgãos de comunicação social o excelentíssimo administrador da Lusófila, botar lição de sapiência para todo e qualquer cidadão desta Nação:
“se ele (quem?) já sabe tudo…, não vem cá fazer nada… e dá-se-lhe o canudo!” (sic.)



AC


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